Darcy França Denófrio - Poema
ALGA MARINHA
Alga marinha lançada ao mar aberto,
navego à deriva — não estou presa a nada.
Quero achar o meu caminho — o do começo —
mas me instalaram nesse arremesso
e não conheço a maré do princípio
que me jogou nesse permanente risco.
Alga marinha nesse amaro mar,
sem pontos cardeais, mapa-múndi
ou estrela-guia, vivo à deriva.
Não conheço meu porto (asseguro)
e um dia só serei verdes cabelos
envolvendo corpos destroçados
que viajaram na maré montante
e chegaram afogados de aurora
à praia maior - de todos os oceanos.
(In.Amaro mar, pág. 37, 1988
Imagem retirada da Internet: Alga marinha
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OS DESAMORADOS
Penso na mulher que amei
com o meu amor distanciado.
O tempo e a distância fizeram-nos frios,
mesmo quando juntos,
com os abraços do constrangimento.
Ah, foram difíceis nossos abraços,
carentes, mas desamorados!
Incômoda a compaixão por uma estranha
que me deixava, em seus braços, deslocado.
E assim minha mãe se foi embora deste mundo,
sem que eu aprendesse a amá-la como devia,
nem nunca me sentir por ela amado.
Ó mãe, amamo-nos ao nosso modo,
um do outro que fomos sempre separados?
Muito me bateram na vida,
menos minha mãe com suas mãos ausentes.
Minha mãe completamente
analfabeta e falta de filhos;
pariu quatro — eu vazio dela,
falto me fiz.
Foi ao morrer que ela me bateu pela única vez.
Foi.
E quem disse que palmada de mãe não dói?
——
Poema extraído do livro Arabescos num chão de giz — Prêmio Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos (Goiânia, 1988); Menção Honrosa, sob o título Cantos do Carbono, na 1ª Bienal Ímpar de Poesia Estância Itanhangá (Goiânia, 1987/1988).
Imagem retirada da Internet: mãe
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