Sou linda; quando no cinema você roça
o ombro em mim aquece, escorre, já não sei mais
quem desejo, que me assa viva, comendo
coalhada ou atenta ao buço deles, que ternura
inspira aquele gordo aqui, aquele outro ali, no
cinema é escuro e a tela não importa, só o lado,
o quente lateral, o mínimo pavio. A portadora
deste sabe onde me encontro até de olhos
fechados; falo pouco; encontre; esquina de
Concentração com Difusão, lado esquerdo de
quem vem, jornal na mão, discreta.
Ana Cristina Cesar - Poema
Chico Buarque - Poema
Renata Pallottini - Poema
Pablo Neruda - Poema
Francisco Perna Filho - Poema
Para Sinésio Dioliveira
Libélula
Libélula
a tua língua
como pássaro em arregalado voo
para roubar o silêncio das flores.
De onde vens,
não importa.
Nada importa!
Nem mesmo o canto que não trazes.
O que importa em ti é o ócio prematuro dos insetos,
quando esticas o verde das folhas tenras
e te misturas à secura das árvores e ao cheiro dos cogumelos selvagens.
Libélula
a tua língua
no silencioso voo,
na nostalgia da intestina selva,
para seduzir o solitário fotógrafo
que te presenteia com desmesurados flashes.
Palmas, 25/01/2010
Foto by Sinésio Dioliveira
Safo - Poema
VISÕES DA CIDADE
I
A cidade é vista sob a neblina difusa.
Há um desejo de vê-la cada vez mais de perto.
ela é vária e diluída ensina
um olhar de milhas
que não se perde em mim.
A cidade é dura,
é leve
é ilha.
Somente em mim ela se completa.
Acordada, sente o olhar humano,
e dormindo, afaga os sonhos mais diversos.
Há um querer de ruas,
de praças,
de espaços e vazios.
Leia também
Valdivino Braz - Poema
Soldado ucraniano Pavel Kuzin foi morto em Bakhmut - Fonte BBC Ucrânia em Chamas - Século 21 Urubus sobrevoam...