Joaquim Cardozo - Poema
Joaquim Cardozo - Poema
Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Teresa? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
e em noites de lua cheia passam rondando os maruins:
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada a tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Teresa ou Maria.
Joaquim Cardozo - Poema
Luiz de Aquino - Poema
Luiz de Aquino
Luiz de Aquino Alves Neto nasceu em Goiás, em 1945. Estudou no Rio de Janeiro e em Goiânia, onde reside. Graduado em Geografia pela Universidade Católica de Goiás. Poeta, contista, cronista, é autor de muitos livros. Membro da União Brasileira de Escritores, da Academia Goiana de Letras e do Sindicato de Escritores do Rio de Janeiro.
VIDA
A força da corda
não força a sorte
nem corta o cachaço.
Na força da corda
o corte da forca
não solta o sanhaço.
Na lida e no eito
a liça e o feito
enfeitam o que faço.
No peito, o cio,
a vida no fio
que escorre frio
e morre no leito.
In. Antônio Miranda
Foto by Sinésio Dioliveira - Poeta - Todos os Direitos reservados.
Brasigóis Felício - Poema
Francisco Perna Filho - Poema
DE HOMENS E BARCOS
Os homens, naquele bar,
falaram de rios e mulheres
e riram dos seus feitos,
de suas histórias e amores,
sonharam lonjuras e amavios
e navegaram em olhos e dentes tão perfeitos
que chegaram a entender o vazio dos homens e das garrafas.
Sorveram o momento
e se alimentaram de boas palavras.
Não sabiam muito a respeito do amor,
por isso - sobreviveram.
Odir Rocha - Poema
Solitárias bacabas no cerrado,
buritis à beira do brejo,
gameleiras frondosas.
Ipês floridos adornando a aldeia,
aglomerados em moldura graciosa.
Fumaça grafite em espiral
brotando da cumeeira da oca
num aspecto sereno
e na ausência de vento.
Sol a pino, faiscante,
com um facho muito claro
alumiando o cume das árvores,
produzindo bizarras sombras.
Folhas novas de bananeira brava
esparramadas no chão
abrigando o corpo nu,
desejoso e gracioso
da solitária cunhã.
In. Terracanto. Odir Rocha. Palmas: Kelps, 2007, p.17
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