Metáfora
Agreste,
a flor de couro floresce
nas fendas do acaso.
O tempo a dedilhar-lhe as entradas,
as entranhas,
os vazios,
na secura do sertão.
Serena,
A flor de couro floresce
na relva esquecida,
no comprido lamento
dos chocalhos,
no guizo das serpentes
a espreitá-la.
Alheia,
a flor de couro floresce desencantada,
e na sua fome de cactos e pedras
desconhece outras fomes
que se avizinham.
Agreste,
a flor de couro floresce
para a colheita.
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