POEMA PARA THIAGO
I
Me dê cá a mão, filho.
A caminhada depois da infância é dura.
O sonho depois da infância é duro.
A vida depois da infância é duro.
Depois da infância
a infância é dura.
II
Filho, me dê cá a mão.
Do berço à maturidade celestial de teus olhos,
caminharás pelas escarpas do mundo
com teu pesadíssimo fardo de sonhos e medo.
III
É inútil, filho, combater os fantasmas
dentro da luz. O ódio, a traição e a morte
são invisíveis na trajetória da vida,
apesar do velho lume estendido na cabeça
deste planeta.
É inútil, filho,
beijar a face de Eros,
melhor seria libertar o pensamento
do maior subversivo da história
que ainda jaz sangrando na cruz,
ou no fundo de alguma prisão.
IV
Reza. Reza, filho meu,
para que não faltem cereais e pão
na mesa, onde um dia jogarás
os proventos de teu próprio suor.
A humanidade, filho,
é carente de um só
veículo: amor
In. Pastoral. Goiânia: Oriente, 1980.
Imagem retirada da Internet: Gabriel Nascente
Essa profundidade infinita é que move a subjetividade humana...Quanto carinho nesse poema.
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