Signos em rotação
Por Francisco Perna Filho
Até bem pouco tempo, professor era aquele que professava algo, tinha o que dizer, valia-se da sua cátedra para incutir conhecimentos, semear o bem, os mais edificantes ensinamentos. Tempo de Mestres, não somente de títulos, mas de fato, e de artes, ser universal, de uma alma grande e profícuo conhecimento.
O que aconteceu com tão valioso ser? Praticamente inexiste. Sobraram poucos e esta geração quase não teve ou tem a oportunidade de conviver com um desses, uma vez que a nossa realidade acadêmica é caótica, já não comporta os grandes mestres: magister, os que aí estão, quase sempre, não passam de oportunistas de um mercado em ascensão, já que não deram certo nas suas profissões originárias, descambaram para uma área, que, à primeira vista, parece tudo acolher, daí a tragédia em que vivemos.
Se por um lado não existem mais os mestres, certamente não há razão para existência de discípulos, muito mais ainda num tempo de muita exaltação midiática e pouco aprofundamento nas questões essenciais, como pensar o outro, a solidariedade, a ética, o meio ambiente, sem falar na nossa rica e preciosa Língua Portuguesa, que de tão maltratada e vilipendiada, perdeu força e prestígio, um exemplo claro disso está nas universidades, mais especificamente nos cursos de comunicação social.
Como vemos, se não há uma valorização da Língua Portuguesa, nem mesmo nos cursos em que ela é de fundamental importância, como jornalismo e publicidade e propaganda, quem dirá nos outros cursos, onde ela “não é tão importante assim.” Mas tudo bem! Dirão uns. - Tudo isso faz parte da modernidade, vivemos na era da imagem, precisamos dominar a técnica, e acabou! Vociferarão outros. Ninguém sentirá falta da Língua, muito menos dos grandes Mestres, uma vez que não se pode sentir falta daquilo que não se conhece.
A realidade é dura e triste, mas o que me dá um dó danado é ninguém fazer nada, é deixar gente tão incompetente, sem conhecimento mínimo das questões básicas, como ensino e aprendizagem, movidos apenas pela vaidade e a ganância do mercado, passar-se por mestre, por dono do saber, conduzir pessoas, destinos, desconsiderando a própria ignorância.
Como dizem: a vida é cíclica, e, por isso, talvez, ainda venhamos, nas gerações pósteras, a reaver os mestres que se foram, reformados no ânimo e no sangue dos vindouros homens de bem, e aí, um outro ser, que também sou eu, numa crônica como esta, não lamentará ausências, mas falará de feitos e bondade, de respeito e solidariedade, tudo isso escrito em bom Português.
*Título tomado de empréstimo ao escritor Mexicano Octávio Paz.
Imagem retirada da Internet: Óculos
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