“ESSES LIVROS FORAM FEITOS PARA DESASSOSSEGAR”
No ano em que se comemora o Centenário de José J. Veiga, a Revista Banzeiro resgata uma importante entrevista com o Autor goiano, de Corumbá de Goiás, concedida ao Professor Doutor Agostinho Potenciano de Souza,* a quem agradecemos a cessão deste documento para publicação. Esta Entrevista foi concluída em 9 de fevereiro de 1987 e faz parte da Dissertação de Mestrado de Agostinho, posteriormente transformada no livro “Um Olhar Crítico Sobre
o Nosso Tempo: Uma Leitura da Obra de José J. Veiga”, publicado pela Editora Unicamp (1990). Sobre esta Entrevista, o Professor
Agostinho nos disse que as perguntas foram datilografadas e enviadas a José J. Veiga, que as
respondeu, também datilografadas, via Correios.
"A atividade que o ser humano menos gosta de exercer é pensar. Logo que ele se assenhoreia de uma pontinha mínima de qualquer conhecimento, já se dá por satisfeito."
Agostinho Potenciano - José J. Veiga, você diz não ser muito
versado em teoria literária. Suas obras nascem de uma intuição. Creio que não é
de uma intuição pura, pois você é um homem que lê muito. Certamente as leituras
lhe deram algumas técnicas de criação.
J.J.Veiga – A intuição de uma pessoa hoje não é a mesma de
ontem. É a de ontem, mais a experiência e a informação que ela absorveu de um
dia para o outro. O que quero dizer é que fico atento para não deixar que a
teoria tome a direção quando estou escrevendo. Se deixasse, eu estaria fazendo
ensaios, não ficção. Lembro também que a teoria que vigora hoje amanhã pode
estar superada.
A.P. - Do que tenho lido de suas entrevistas, o autor que
confessadamente exerceu alguma influência na sua concepção de história foi
Kafka, tanto nos temas quanto na forma de enredar personagens. Os outros
autores, de língua inglesa (mesmo Salinger) e os hispano-americanos, não o
influenciaram – as aproximações entre suas obras e as deles são meras
coincidências.
J.J.Veiga – Confirmo
certa influência de Kafka, cuja descoberta acarretou um abalo em minhas
concepções. Tive de rearrumar tudo para abrir espaço para ele, e um espaço
amplo. Os outros podem ter influenciado. Afinal, tudo influencia, até o Código
Civil, segundo dizem: até uma conversa de armazém sertanejo. Quanto aos hispano-americanos,
não acho que seriam má influência. Apenas não os conheci a tempo de ser por
eles influenciado – pelo menos não nos meus primeiros livros.
A.P. - Os elogios da crítica a Os cavalinhos de
Platiplanto o deixaram inibido para fazer o segundo livro. Como você reagiu e
reage às críticas que vieram dos EE.UU. em 1970, à crítica circunstancial de
jornais, de seminários em colégios e faculdades? Você tem conhecimento de alguma crítica sobre
sua obra nos países em que foi traduzido?
J.J.Veiga – A princípio eu achava
empolgante ler críticas de meus livros traduzidos, não acreditava que aqueles
elogios todos – inclusive de importantes publicações estrangeiras – se
referissem a trabalhos meus, suspeitava que estivesse havendo algum engano.
Depois me acostumei. Entendi que publicar livro é correr riscos, inclusive o de
receber elogios.
A.P. – Um dos
aspectos que mais prendem a seus contos é o lirismo da infância de quintal, de
beira de rios. Há muito do menino Veiga na Ilha, nos Cavalinhos, em Tubi, nos
Didangos? Há alguma marca da morte de sua mãe em “Viagem de dez léguas” e em
“Roupa no Coradouro”? Depois dos 40 lhe veio uma nostalgia da infância?
J.J.Veiga – Embora eu não
estivesse fazendo autobiografia quando escrevia
Os Cavalinhos – não faço nunca, pelo menos me vigio para não fazer
– muito de minha experiência de infância entrou naqueles contos. Acho que foi o
início de um processo de me despedir da infância, processo que ainda não
terminou. Porque não há um momento exato, marcado na folhinha ou no relógio, em
que a pessoa deixa de ser criança. A verdade é que ninguém é totalmente adulto.
“Viagem” e “Roupa” são episódios (“Roupa”) e testemunhado (“Viagem”) por mim.
Tive companheiros de brincadeiras que foram “dados” pelo pai ou pela mãe viúvos
a outras pessoas. Isso aconteceu também com um de meus irmãos.
A.P. – O amor
aparece em suas obras sempre como um “Caderno Proibido”. Entendo bem o contexto
dos amores de Pedrinho e Nazaré, Lu e a Tia, Mário e Vicência, Móqui e Genísio.
O erotismo de frestas nessas passagens parecem indicar que você teria talento
para escrever uma história de amor.
J.J.Veiga – Devagar. Não é sempre.
Naqueles contextos tinha que ser uma
coisa furtiva, porque no tempo histórico o capítulo sexo era muito reprimido.
Uma das grandes surras que apanhei nos meus oito anos, nove anos, decorreu de
curiosidade sexual. Se aquelas histórias fossem escritas hoje, não haveria
furtividade. Se a furtividade entrasse hoje, soaria falsa. Não entendo então,
idem.
A.P. – Você
tem reagido a classificação de escritor fantástico,
dizendo que você fala da
realidade. Creio que no leitor lúcido a sua obra produz um efeito de realidade,
e muito conseguem ver camadas mais latentes da vida cotidiana. Ora, aceitando o
fantástico moderno – o iniciado por Kafka – como um modo de narrar histórias
que são uma leitura do homem, sua obra é fortemente fantástica. Os bois, os
cachorros, os urubus; o vôo das pessoas; as hipérboles dos muros: o uiua; são
formas de expressão em sua obra que desequilibram o que culturalmente nós
achamos normal. Esse é o fantástico do século XX, enriquecido pelo seu modo de
cria-lo, diferente das histórias góticas e de terror antigas, distinto das
criações tecnológicas da Science-fiction atual.
J.J.Veiga – Você diz
“desequilibra o que nós achamos normal”. Por que achamos normal? Porque fizemos
concessões ao longo da vida, nos contentamos com menos em nosso trabalho de
decifrar o mundo. A atividade que o ser humano menos gosta de exercer é pensar.
Logo que ele se assenhoreia de uma pontinha mínima de qualquer conhecimento, já
se dá por satisfeito. Há um personagem num livro de Monteiro Lobato (ou é ele
mesmo quem fala, não me lembro) que diz numa passagem: “tranque um bando de
brasileiros (eu não diria brasileiros, mas gente de qualquer nacionalidade) num
quarto, com o mesmo número de machado, e diz a eles: ou vocês pensem durante
dez minutos, ou vão todos derrubar aquela mata. Em menos de dez minutos você
tem todos aqueles machados pipocando no mato”. O escritor tem obrigação de
optar por pensar, tem que pesquisar mais, cavar mais fundo. Pesquisando mais,
ele descobre o que a maioria das pessoas (as que optarem pela atividade física)
classifica de “fantástico”.
A.P. – Você viveu
na Capital Federal entre 1935 e 45, nesse período Getúlio implanta a ditadura
do Estado Novo. Ao escrever Sombras, Os pecados da tribo e Vasabarros, vivíamos a ditadura dos
generais. Sua obra é de ficção, mas a tendência de muitos leitores é a de fazer
uma relação direta, não só quanto à atmosfera dos livros do “Ciclo Sombrio”,
mas até de episódios e personagens de sua ficção a pessoas e fatos da história.
No entanto, A hora dos ruminante
estava pronto antes de 1964. Não seria uma restrição empobrecedora da leitura
essa tradução de sua ficção em História?
J.J.Veiga – É claro que
Sombras,
Os Pecados,
Vasabarros foram
contaminados pelo clima político contemporâneo deles, e a coincidência entre o
clima interno desses livros e o clima externo, facilitou a leitura política.
Mas o meu projeto ao escrevê-los não era ficar na mera denúncia de um regime de
opressão: se fosse, os livros ficariam datados quando o regime se exaurisse,
como se exauriu (aliás, durou mais do que eu calculava). O meu projeto era
mostrar situações mais profundas do que aquelas impostas por um governinho de
uns generaisinhos cujos nomes a nação depressa esquecerá. (Pergunte a um jovem
nascido em 64 para cá se ele sabe quem foi Castelo Branco, Costa e Silva,
etc.).
A.P. - A população de Manarairema, de
Taitara, da Tribo, é muito embrutecida, parada, aceita a opressão. O narrador é
a figura crítica disso tudo, mas não assume uma atitude ativa, é mais um
observador resistente que um revolucionário. O que o cidadão José Veiga tem a
ver com esse narrador? Você acredita que a massa humana está condenada a ser
sempre submissa?
J.J.Veiga – As populações de Pernambuco,
Rio de Janeiro, São Paulo, Minas etecetara têm sido submissas e aceitado todas
as opressões desde que o Brasil existe (as revoltas que a história registra
foram tentadas por pouquíssimas pessoas esclarecidas, por isso fracassaram).
Qual será a atitude verdadeiramente revolucionária de um escritor: mostrar
ficcionalmente uma população oprimida reagindo e acabando com a opressão (uma
mentira), ou mostra-la sofrendo resignadamente? Esses livros foram escritos
para desassossegar, e achei que se mostrasse os oprimidos derrubando as
bastilhas, o leitor fecharia o livro aliviado, e não desassossegado. Um livro
pouco pode fazer para corrigir injustiças: se conseguir causar desassossego, já
conseguiu alguma coisa. Não acredito que a massa humana esteja condenada à
submissão eterna. Ela será submissa só enquanto não decidir mudar a situação.
As forças que submetem as massa não vão nunca “pôr a mão na consciência” um dia
e soltá-las. Elas só “largarão o osso” se não puderem mais segurá-lo. E quem
vai forcá-las a “largar o osso”? Os próprios escravos. É uma lição da História.
Toda melhoria no plano político-social tem que ser tomada. Isso vale no plano
interno e no plano externo. As nações que hoje estão pisando no pescoço de
outras só vão tirar o pé quando os espezinhados se mexerem.
A.P. – A
atmosfera de opressão, de angústia do existir humano encurralado é dominante em
quase todos os seus livros. Em algum deles o narrador é a voz da vida que a
coletividade padece. No entanto, suas histórias não caem no desepero e
conseguem um certo equilíbrio, ora por um lirismo afável e sutil nos detalhes,
ora por episódios sério-cômicos. O lirismo é mais forte nos contos e nos dois
primeiros romance, A hora e Sombras; o humor irônico cresce em Os pecado e domina em Vasabarros. Vejo nessa evolução três
aspectos: um modo de narrar que distende a tensão narrativa, ondulando momentos
fortes e suaves: uma meneira brasileira de encarar os momentos difíceis com
emoção ou brincando; uma forma de escapulir da loucura e da morte. (Eu queria
que você falasse da intencionalidade sua ao se recorrer a esses procedimentos
narrativos).
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R.W.Emerson |
J.J.Veiga – Aí acredito que seja
consequência da minha maneira de encarar o mundo e a vida, e de reagir diante
dos problemas. A maneira de cada um encarar o mundo e reagir diante dele não é
resultado de nenhum ato volitivo. É uma questão de programação interna. Guardo
há anos uma frase de um humanista respeitável, R.W. Emerson, que ficaria mais
ou menos assim em português: “Seja qual for a linguagem que uma pessoa
empregue, ela só poderá dizer aquilo que ela é”. Exasperante mas verdadeira. Ou
por isso mesmo. De maneira que a intencionalidade conta muito. Cada um escreve
o que pode, não o que quer.
A.P. – Em Torvelinho o conflito entre o bem e o
mal permanece, porém é menor que nos livros anteriores. Em Tajá esse conflito quase
desaparece. O que levou você a essa mudança?
J.J.Veiga – como eu disse ao
comentar o item 7, os livros escritos depois de 1964 sofreram contaminação do
clima político da época. Já Torvelinho foi
escrito numa época em que a opressão visível não existia mais. E Tajá como que volta ao clima do tempo dos Cavalinhos. Se esses livros tivessem
sido escritos nos anos 70, por exemplo, eles teriam outro tom. A menos que eu
quisesse fraudar. Eu estava precisando escrever livros menos sombrios, e o
tempo que fazia no momento permitiu que entrasse sol neles. É o que espero
fazer daqui para diante, se puder.
A.P. – Na sua
“região invisível” o que surge primeiro ao esboçar a história: os
acontecimentos, os personagens, o lugar e o tempo ou o modo de narrar?
J.J.Veiga – Não sei bem, mas acho
que é mais ou menos nessa ordem: 1) algum acontecimento (que deflagra outros);
2) os personagens para vivê-los; 3) o lugar para situá-los; 4) o tom, que
geralmente só é encontrado depois de muita experimentação.
A. P. – O
episódio do povo nascido do estrumo de cavalo, em Os pecados da tribo, me pareceu uma história popular anônima – mas
não a conhecia antes. Eu gostaria que você dissesse se suas histórias são
produzidas pela sua imaginação ou se algum fato que alguém lhe contou já serviu
de ponto de partida para sua recriação.
J.J.Veiga – No caso do povo da
Várzea, eu sou o único responsável por eles. Não conheço nenhuma história
popular parecida, e se houver estou ignorante. É outro risco de quem publica
livro.
A.P. - Muitas de suas histórias
parecem privilegiar o leitor jovem, Torvelinho,
os dois livros infanto-juvenis, vários contos de Os cavalinhos e de A máquina.
Enquanto escreve você sente de alguma forma a presença do leitor da
história?
J.J.Veiga – Comecei escrevendo do
ponto de vista da criança, me dei bem, e hoje acho difícil mudar. Às vezes
tento, mas quando me distraio estou novamente falando no nível do leitor
jovem. Habituei-me a pensar num leitor
jovem quando escrevo. Acho que é isso. Os filhos e netos gostam do que escrevo,
os pais e avôs não.
A.P. - De quais livros o leitor José
Veiga gosta mais? (Nas entrevistas você já citou O Processo, Pedro Páramo, Cemanos de solidão, O Apanhador no campo de
centeio).
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Milan Kundera |
J.J.Veiga – A lista seria imensa.
Comecei a ler sistematicamente aos doze anos, e não parei mais. Li até Mme.
Delhi, uma autora de livros para moças, escreveu mais de cem. (Aliás, tem um
escritor tcheco que está vendendo muito livro no Brasil, um tal Kundera: é Mme.
Delhi atualizada. O que é que tem o leitor brasileiro de hoje a ver com um
tcheco que vive em Paris e não é conhecido em sua terra e é pouco conhecido na
França? Mistérios da indústria editorial). Alguns autores daquele tempo consegui reler mais tarde, outros não
aguentei. No momento o escritor que está me satisfazendo como leitor é o
português José Saramago. É o maior, digo, o mais importante escritor do momento
no mundo. Não sei grego, nem búlgaro, nem japonês; mas se houvesse um grego, um
búlgaro, um japonês fora de série hoje, o mundo saberia. Saramago é fora de
série. (Obras de Saramago:
Levantado do
Chão, Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis, A Jangada de Pedra (este
ainda não li).
A.P. - Pelos finais de seus livros,
você não tem uma perspectiva pessimista para o homem. Você é um humanista
cauteloso. Que profecia (ou utopia) você tem a respeito do nosso país?
J.J.Veiga – Está ficando difícil
de ser otimista quanto ao futuro do Brasil. Somos uma nação que se especializou
em perder oportunidades. Não fizemos a reforma agrária quando da abolição, que
era o momento ideal – e hoje a reforma urbana já está batendo à porta. Quando acabou
a Segunda Guerra, tínhamos grandes reservas em moeda forte, e éramos credores
de várias nações. O que fizemos? Esbanjamos as reservas comprando investimentos
estrangeiros obsoletos (estradas de ferro, por exemplo), que os donos já iam
nos entregar por contrato, e perdoamos as dívidas! Depois sucateamos as
estradas de ferro em benefício das rodovias, como se fôssemos árabes, donos de
todo o petróleo do mundo. Quando nos E.U.A. e na Europa já havia estudos sérios
recomendando a suspensão de projetos de construção de usinas nucleares, entre
outros motivos porque ainda não se sabia o que fazer com os resíduos
radioativos, a mania de grandeza de nossos governantes (muito patriotas)
fez-nos gastar bilhões de dólares com usinas atômicas de modelo obsoleto, das
quais só uma foi terminada mas até agora só funciona produzir água quente – e
água radioativa! Com o dinheiro empregado nesses elefantes teríamos resolvidos
os problemas da educação, da saúde, da habitação, e sobrado alguma coisa,
segundo cálculo de um economista independente. Com os “governos” que temos
tido, e que parece continuaremos tendo por muito tempo ainda, não há otimismo
que resista. Nem é questão de corrupção, que há muita. Corrupção a nação
aguenta, e existe no mundo inteiro, em maior ou menor grau. É incompetência
mesmo, e muito desrespeito pelos direitos do povo.
A.P. - e a liberdade? Para mim é
esse o impulso básico que dá vida e sentido para sua obra. É a razão metafísica
existencial implícita nas trajetórias de seus heróis, é o traço fundamental da
consciência humana.
J.J.Veiga – É isso mesmo. Que a
liberdade é essencial ao ser humano é uma premissa tão óbvia que chega a estar
implícita no comportamento dos seus personagens. Mesmo aqueles deles que a
denegam a outros sabem que estão denegando um bem fundamental. Considerar a
liberdade um bem implícito na composição do ser humano é o primeiro passo para
chocar os que a denegam.
A.P. -Você tem apreço especial por
algum dos seus livros? (Ou, em outros termos, você escolhe qual das suas obras
como sua obra prima?) Como leitor, eu me ligo afetivamente a Os cavalinhos e intelectualmente a Os pecados da tribo.
J.J.Veiga – Ainda gosto de todos.
Se desgostasse de algum, providenciaria para que ele não fosse mais editado. É
claro que se eu os escrevesse hoje, escreveria livros diferentes, pelo menos em
parte. Cada livro revela aspectos da personalidade de quem o escreve. Eu estou
em meus livros como era quando os escrevi. Mas, para ser sincero, digo que os
títulos de dois ou três dos meus livros não me agradam nada, e eu os mudaria se
não fosse uma espécie de fraude.
A.P. - Nas próximas obras que linha
irá dominar: a sombria, a harmonia de Torvelinho
e Tajá ou o lirismo da infância dos
contos iniciais?
J.J.Veiga – Não sei. Por meu
gosto, só escreveria livros alegres, líricos, otimistas. Mas não escrevemos os
livros que queremos, e sim os que pedem para ser escritos.
A.P. - Valeu a pena deixar o chope e
o papo em troca de escrever?
J.J.Veiga – Só valeu. O bom do
chope só vai até o segundo ou terceiro. Os outros a gente bebe porque está ali
entre amigos.. Já os livros ficam fazendo parte da gente pela vida inteira. E
também o chope pode ser tomado quando não se está escrevendo. O que não estava
certo era ficar só no chope que afinal sai na urina.
9 de fevereiro de 1987
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Foto by Jornal Opção |
*Agostinho Potenciano de Souza é Doutor em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Professor Titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás.