HÁ UM PÁSSARO IMENSO
há um pássaro imenso meu amor
talvez um cisne selvagem
ou um albatroz cativo
ou falcão da montanha meu amor
de imenso e luminoso pico de neve
o seu rumo nocturno não podemos vê-lo
pois negro é o seu peito e o seu bico
mas o seu canto vibra como uma estrela
o dorso, e as ósseas penas, são azuis
e assim, também de dia não o vemos
porque voa, na altura, de ventre virado ao sol
dele, apenas, por vezes, duas sombras
atravessam teus olhos meu amor
dúbia é a cor da cor do meu amor
escuro rondando o escuro, noite minha
e sempre, sempre entre os meus olhos e eu
Tradução de Mário Cesariny
Fonte: Próximo Futuro