Sharon Olds - Poema (Ganhadora do Prêmio Pulitzer 2013 de Poesia)

Sharon Olds - Crédito/ Catherine Mauger

 EU VOLTEI PARA MAIO DE 1937



Vejo meus pais parados no baile de formatura da faculdade.
Vejo meu pai vagando sob o arco de granito ocre …
As telhas vermelhas luzindo feito placas de sangue atrás de sua cabeça.
Vejo minha mãe abraçando alguns livros leves, parada ao pé do pilar de tijolinhos …
Com os portões de ferro batido ainda abertos atrás dela, com suas lanças negras no ar de maio.
Eles vão se formar.
Eles vão se casar. São crianças, são tolos.
Só sabem que são inocentes, que nunca machucariam ninguém.
Quero ir até eles e dizer:
- “Parem, não façam isso.
Ela é a mulher errada, ele é o homem errado.
Vocês farão coisas que nunca imaginariam fazer.
Farão coisas ruins com seus filhos.
Vão sofrer de modos que nunca ouviram falar.
Vão querer morrer.”
Quero ir até eles sob o sol de fim de maio e dizer isto.
Mas eu não vou. Quero viver.
Pego os dois como bonecos de papel de homem e mulher e os esfrego pelo quadril feito lascas de pederneira para tirar faíscas deles.
Eu digo:
- Façam o que têm de fazer, e eu lhes direi tudo.

Tradução de Rubens Mendonça


I GO BACK TO MAY 1937

By Sharon Olds

I see them standing at the formal gates of their colleges,
I see my father strolling out
under the ochre sandstone arch, the
red tiles glinting like bent
plates of blood behind his head, I
see my mother with a few light books at her hip
standing at the pillar make of tiny bricks with the
wrought-iron gate still open behind her, its
sword-tips back in the May air,
they are about to graduate, they are about to get married,
they are kids, they are dumb, all they know is they are
innocent, they would never hurt anybody.
I want to go up to them and say Stop,
don't do it - she's the wrong woman,
he's the wrong man, you are going to do things
you cannot imagine you would ever do,
you are going to do bad things to children,
you are going to suffer in ways you never heard of,
you are going to die. I want to go
up to them there in the at May sunlight and say it,
her hungry pretty blank face turning to me,
her pitiful beautiful untouched body,
his arrogant handsome blind face turning to me,
his pitiful beautiful untouched body,
but I don't do it. I want to live. I
take them up like male and female
paper dolls and bang then together
at the hips like chips of flint as if to
strike sparks from them, I say
Do what you are going to do, and I will tell about it.

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