Tomas Tranströmer - Poema


 Foto AP - Fonte: G1

A ÁRVORE E A NUVEM (1962)

Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,
com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.
Leva um recado. Da chuva arranca vida
como um melro ante um jardim de fruta.


Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.
Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,
à espera, como nós, do instante
em que flocos de neve floresçam no espaço.



Tradução do poeta João Luís Barreto Guimarães

Francisco Perna Filho - Poema


LANTERNAS



Lanternas
sepultam as sombras,
as dobras,
o escuro.
São fios de luz
que refazem
a noite
esquecida
nas esquinas solitárias.
São sobras,
dilemas,

que se revelam
impressas
na luz:
vagidos,
vãos,
cumeeiras,
desacordos,
insônias,
desamores
e medo.

Imagem retirada da Internet: lanterna

Wislawa Szymborska - Poema



Retornos


Voltou. Não disse nada.
Parecia muito perturbado.
Deitou sem tirar a roupa.
Escondeu se debaixo do cobertor,
as pernas dobradas.
Tem quarenta anos, mas não neste momento.
Está vivo - mas como no ventre materno
atrás de sete peles, na escuridão que o defende.
Amanha dá palestra sobre homeostasis
na cosmonáutica metagalática.
Por enquanto se encolhe, adormece.

Imagem retirada da Internet: Wislawa Szymborska 

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