Ludovico Ariosto - Poema
Ludovico Ariosto - Poema
Ludovico Ariosto - Poema
Sinésio Dioliveira - Poema
Alexandre O'Neill - Poema
Sei os teus seios.
Sei-os de cor.
Para a frente, para cima,
Despontam, alegres, os teus seios.
Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.
Quem comparou os seios que são teus
(Banal imagem) a colinas!
Com donaire avançam os teus seios,
Ó minha embarcação!
Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p'la manhã?
Quantas vezes
Interrogaste, ao espelho, os seios?
Tão tolos os teus seios! Toda a noite
Com inveja um do outro, toda a santa
Noite!
Quantos seios ficaram por amar?
Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!
Seios decrépitos e no entanto belos
Como o que já viveu e fez viver!
Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar
Em deseperadas, quarentonas lágrimas...
Seios fortes como os da Liberdade
-Delacroix-guiando o Povo.
Seios que vão à escola p'ra de lá saírem
Direitinhos p'ra casa...
Seios que deram o bom leite da vida
A vorazes filhos alheios!
Diz-se rijo dum seio que, vencido,
Acaba por vencer...
O amor excessivo dum poeta:
"E hei-de mandar fazer um almanaque
da pele encadernado do teu seio"
(Gomes Leal)
Retirar-me para uns seios que me esperam
Há tantos anos, fielmente, na província!
Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.
Botas, botirrafas
Pisando tudo, até os seios
Em que o amor se exalta e robustece!
Seios adivinhados, entrevistos,
Jamais possuídos, sempre desejados!
"Oculta, pois, oculta esses objectos
Altares onde fazem sacrifícios
Quantos os vêem com olhos indiscretos"
(Abade de Jazente)
Raimundo Lúlio, a mulher casada
Que cortejaste, que perseguiste
Até entrares, a cavalo, p'la igreja
Onde fora rezar,
Mudou-te a vida quando te mostrou
("É isto que amas?")
De repente a podridão do seio.
Raparigas dos limões a oferecerem
Fruta mais atrevida: inesperados seios...
Uma roda de velhos seios despeitados,
Rabujando,
A pretexto de chá...
Engolfo-me num seio até perder
Memória de quem sou...
Quantos seios devorou a guerra, quantos,
Depressa ou devagar, roubou à vida,
À alegria, ao amor e às gulosas
Bocas dos miúdos!
Pouso a cabeça no teu seio
E nenhum desejo me estremece a carne.
Vejo os teus seios, absortos
Sobre um pequeno ser
Antônio Frederico de Castro Alves - Poema
Wender Montenegro - Poema
delírios do verbo ou arapucas de pegar Manoel ao poeta Manoel de Barros
1 as manhãs me imensam como em Ungaretti arroios me gorjeiam de esplendor lá onde as árvores se garçam e o sol brinca de arvorecer
2 a palavra cansanção tem ardimentos e o menino descalço nem aí pois lhe escuda a voz dos passarinhos esse moleque arteiro estica o sol carrega o cenho do peru no grito
3 bicho danado é maracujá engole a voz das ateiras as mangueiras roubam o sol do chão e o pé de mastruz enverdece os ossos da avó
4 mosca de manga se agiganta no amarelo como Van Gogh borboletas adoçam a aridez dos cactos e o sanhaçu assusta os mamoeiros
5 nas mãos do mar a linha do horizonte tem cerol lá, a pipa do céu cai mais depressa quando as margens da tarde me anoitecem Imagem retirada da Internet: Manoel de Barros |
Leia também
Valdivino Braz - Poema
Soldado ucraniano Pavel Kuzin foi morto em Bakhmut - Fonte BBC Ucrânia em Chamas - Século 21 Urubus sobrevoam...