M. Cavalcanti |
Por Francisco Perna Filho*
Técnica mista sobre papel - 99x66 |
Foram trinta e uma exposições individuais, dezenas de exposições coletivas, mundo afora: Estados Unidos, França, Espanha, Portugal, Suíça, Argentina, Inglaterra, e, claro, aqui no seu País. Ganhou vários prêmios, participou de salões e bienais, só para termos a dimensão do artista que é M. Cavalcanti. Mesmo com todo esse currículo, o artista não para, transita entre técnicas e materiais, experimenta, inventa, reinventa, ampliando o olhar, traduzindo uma natureza, para muitos imperceptível, em quadros, esculturas, instalações, criando mundos, possibilidades, pois assim se refaz.
De volta à cidade do coração, Goiânia, que o projetou para o mundo, vive uma nova fase, uma ótima fase, agora, ao lado do filho Felipe, que também é artista, pintor, com quem divide o Ateliê e o aprendizado: irmãos de alma e de cores.
No seu particular mundo de cores, M. Cavalcanti, incansavelmente, traça novas rotas, desconstrói paradigmas, reconfigura o olhar, na construção metonímica da cidade imaginada, que brilha, iluminada pelo seu desejo de urbanidade, há muito perdida, em vários lugares, mas que, na mente do artista pode ser recriada. Foi nesse ambiente poético que o artista nos recebeu, quando falou sobre sua nova fase, sua vida e planos para uma próxima exposição:
Revista Banzeiro - Fale-nos um pouco sobre esta nova fase:
Neste momento atual do meu trabalho, existe uma nítida manifestação do “eclat” urbano apesar do cinza predominantemente nas cidades. Nas minhas pinturas e/ou desenhos, a representação do “eclat” acontece representado ora pelas folhas de ouro aplicadas, ora pelo dourado da própria tinta.
Revista Banzeiro - Em que se diferenciam sua nova fase e Caligrafias urbanas?:
Essa série é na realidade uma “evolução” da anterior denominada “ Caligrafias urbanas”. Foi incorporado elementos geométricos: cubos e retângulos que passam a fazer uma marcação intencional nas composições.A busca do ouro - entenda-se- fortuna, está incrustada, internalizada na memória coletiva, mas, os cubos e retângulos urbanos são obstáculos que as vezes favorecem uns e não a outros. O uso do grafite vem sendo também incorporado no meu trabalho, adotado como mais um recurso estético.
M.Cavalcanti é um estudioso, perscrutador de desvãos, tem um vínculo muito forte com as cidades, para as quais se volta sempre, não importando o tempo, a estação, sempre atento, assesta seu olhar em busca de novas cores, texturas e formas. Passeia pelas ruas, becos, praças e rios; mistura-se à multidão, observando os transeuntes, os dramas urbanos, matéria humana para sua invertida poética, seu desejo de reinvenção. Tal impressão é corroborada pelo critico de arte, Marcos de Lontra Costa, que sobre ele, M. Cavalcanti, assim se manifesta:
M. Cavalcanti caminha pela selva urbana com o olhar curioso e investigativo do artista. Como um cientista, ele delimita campos de ação, desenvolve teorias, pesquisa espaços e formas, seleciona elementos de análise a fim de dissecar e estruturar características específicas do objeto em questão. Como criança, ele examina cada canto, cada objeto com a curiosidade do olhar revelador, da descoberta encantada de uma verdade que se desnuda quando se tem a mente, os olhos e o coração abertos para o inusitado e o surpreendente. O artista vê na urbe uma floresta repleta de histórias. Cada muro da cidade revela uma profusão de cores, formas e matérias numa curiosa simbiose entre a ação humana e o acaso, permeadas pela implacável ação do tempo. São impressões, mapas, registros, mantos, sudários que fazem de cada superfície pintada uma espécie de palimpsesto contemporâneo.
A visão do crítico amplia o olhar do espectador, do diletante, para além das telas, das esculturas e montagens. Há, por certo, um desvelamento do artista, e, com ele, uma percepção de que a arte é muito mais do que simples traços e cores misturadas, barro moldado, pedra esculpida. Ela nos dá a dimensão da grandeza humana, do ser criador, na sua constante busca de conhecimento e expressão. A arte pode nos tirar do aprisionamento de uma vida insípida e nos livrar da estupidez, tão presente no nosso tempo, principalmente no campo político, onde a desfaçatez e a insensibilidade ganham força e seduzem. M. Cavalcanti, muito atento a tudo isso, compôs uma série Stan Lee, que são máscaras, com a qual homenageia o artista americano e as suas criações maravilhosas: seus/nossos super heróis. Mas as máscaras também têm o seu lado nefasto, escondem e revelam, elegem e condenam, despertam admiração e repulsa, comportam a contradição.
Esta série fez parte da ArtRio 2019, sob a curadoria da Arcervo Galeria de Arte de Salvador - BA, da qual participaram renomados pintores: Aureliano dos Santos - BA, Carybé- BA, Elenildo Café- BA, José Pancetti -Campinas -SP e Mário Cravo Jr - Salvador - BA..
*Poeta, Mestre e Doutor em Letras e Linguística: Estudos Literários
Contatos:
Felipe Cavalcanti, também artista, filho do Pintor |
Revista Banzeiro - Fale-nos um pouco sobre esta nova fase:
Neste momento atual do meu trabalho, existe uma nítida manifestação do “eclat” urbano apesar do cinza predominantemente nas cidades. Nas minhas pinturas e/ou desenhos, a representação do “eclat” acontece representado ora pelas folhas de ouro aplicadas, ora pelo dourado da própria tinta.
Revista Banzeiro - Em que se diferenciam sua nova fase e Caligrafias urbanas?:
Técnica mista s/papel |
Técnica mista s/papel |
Técnica mista s/papel, 0.40m x 0.45m
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M. Cavalcanti caminha pela selva urbana com o olhar curioso e investigativo do artista. Como um cientista, ele delimita campos de ação, desenvolve teorias, pesquisa espaços e formas, seleciona elementos de análise a fim de dissecar e estruturar características específicas do objeto em questão. Como criança, ele examina cada canto, cada objeto com a curiosidade do olhar revelador, da descoberta encantada de uma verdade que se desnuda quando se tem a mente, os olhos e o coração abertos para o inusitado e o surpreendente. O artista vê na urbe uma floresta repleta de histórias. Cada muro da cidade revela uma profusão de cores, formas e matérias numa curiosa simbiose entre a ação humana e o acaso, permeadas pela implacável ação do tempo. São impressões, mapas, registros, mantos, sudários que fazem de cada superfície pintada uma espécie de palimpsesto contemporâneo.
M.Cavalcanti - no seu Ateliê |
ArtRio 2019: Máscaras, M. Cavalcanti |
*Poeta, Mestre e Doutor em Letras e Linguística: Estudos Literários
Contatos:
Instagram: @MCAVALCANTTI
Tel.: +55 62 99319-6794