Pedido de casamento
Meu pai era homem de urgências.
No trabalho e no amor
Aviava seus atos
Como um condenado
Em último pedido.
Na família representou sua ópera-bufa
No pedido de casamento.
Chegou apressado numa tarde mormacenta de dezembro,
Suado num paletó que lhe retinha os movimentos
Mas não suas palavras.
Entrou na casa de meu avô como um vendaval.
Sua vítima fatal à entrada foi o jardim.
Tropeçou em vasos com camélias,
Pisou em margaridas e crisântemos,
Jogou do peitoril ao chão gerânios e azaleias.
Mãos à cabeça cheia de bobes,
Minha avó protestou:
—Vândalo, você destruiu minhas flores!
Ele, mais que ligeiro,
Cingiu a cintura da namorada como quem
Colhe uma rosa pela haste,
Dizendo cinematograficamente:
— Não, senhora, restou esta que vou levar!
Imagem retirada da Internet: marriage proposal
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