DESLIMETES 10
(táxi blues)
eu sou o que mataram
e não morreu,
o que dança sobre os cactos
e a pedra bruta
— eu sou a luta.
O que há sido entregue aos urubus,
e de blues
em
blues
endominga as quartas-feiras
— eu sou a luz
sob a sujeira.
(noite que adentra a noite e encerra
os séculos,
farrapos das minhas etnias,
artérias inundadas de arquétipos)
eu sou ferro, eu sou a forra.
E fogo milenar desta caldeira
elevo meu imenso pau de ébano
obelisco às estrelas.
eh tempo em deslimite e desenlace!
eh tempo de látex e onipotência!
leito de terra negra
sob a água branca,
seu a lança
a arca do destino sobre os búzios.
e de blues a urublues
ouça a moenda
dos novos senhores de escravos
com suas fezes de ouro
com seus corações de escarro.
eh tempo em deslimite e desenlace!
eh tempo de látex e onipotência!
eu sou a luz em seu rito de sombras
— esse intocável brilho
Imagem retirada da Internet: blues
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