Mário Quintana - Poema


O Baú




Como estranhas lembranças de outras vidas,
Que outros viveram, num estranho mundo,
Quantas coisas perdidas e esquecidas
No teu baú de espantos... Bem no fundo,
Uma boneca toda estraçalhada!
(isto não são brinquedos de menino...
alguma coisa deve estar errada)
mas o teu coração em desatino
te traz de súbito uma idéia louca:
é ela, sim! Só pode ser aquela,
a jamais esquecida Bem-Amada.
E em vão tentas lembrar o nome dela...
E em vão ela te fita... e a sua boca
Tenta sorrir-te mas está quebrada!




In.Jayrus

Imagem retirada da Internet: Baú

Mário Quintana - Poema


A rua dos cataventos



Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!



Imagem retirada da Internet: vela

Ronaldo Costa Fernandes - Lançamento


UM HOMEM E O MUNDO


Este romance de largo fôlego, Um homem é muito pouco, de Ronaldo Costa Fernandes, apresenta-se como um desafio ao leitor, desde seu título enigmático. Para pensá-lo com eficácia, ainda que não seja sua decifração, lembro de uma sugestiva passagem do poema do poeta, pintor e revolucionário inglês William Blake (1757-1827), denominado “O casamento do céu e do inferno”:

“Sem contrários não há progressão. A atração e a repulsa, a razão e a energia, o amor e o ódio são necessários à existência humana. Desses contrários emerge o que os religiosos chamam o Bem e o Mal. O Bem é o passivo que obedece à Razão. O Mal é o ativo que nasce da Energia”.

Sendo um romance moderno e nosso contemporâneo, os contrários marcados com clareza abstrata por Blake, nele se expressam pela ambiguidade, pelo princípio da incerteza e ainda pelos inúmeros contrastes que nos marcam nas sociedades de classes que o capitalismo construiu e vem consolidando.

A narrativa da memória subterrânea dos tempos sombrios da ditadura militar se concentra no tema espinhoso da inviabilidade da constituição de um sujeito humano e social estável na nossa modernidade periférica perpassada pelo avanço e o atraso, como unidade contraditória. As personagens, a rigor, podem ser quase tudo e nada, ao mesmo tempo, inseridas num Rio de Janeiro que também é assim. Elas amam, odeiam, fogem, somem, escondem-se, viajam, retornam e não ficam, perseguem e são perseguidas, modulam-se por choques e trompaços, sem destino entre a vida e a morte.

Por isso a trama de seu mundo não se pode organizar: razão e desrazão trocam todo o tempo de lugar e de sinal, vivendo do acaso e no acaso. Assim também o Mal e o Bem, que nunca se completam nem são definitivos, estão sempre presentes, como virtudes sem metafísica nem transcendência.

As estruturas narrativas experimentam variações do ponto de vista, em terceira ou em primeira pessoas e a identificação dos narradores é sempre um exercício de descoberta para o leitor, mas uma vez percebidos acendem-se luzes para a coerência do narrado. Por sua vez os estilos dos enunciadores formam-se por um processo singular: as ações ou reflexões sempre comparecem como imagens, as quais são exploradas em várias facetas e se desdobram em muitas outras imagens, constituindo uma teia emaranhada que muito revela ou oculta em seu andamento, que podemos chamar dialético.
Valentim Facioli

SOBRE O AUTOR
Ronaldo Costa Fernandes publicou, entre outros romances, O viúvo (2005) e O morto solidário (1998). Ganhou vários prêmios, entre eles, o Casa de las Américas, Revelação de Autor da APCA e o Guimarães Rosa. Além de ficção, publicou poesia e ensaios. Dirigiu por nove anos o Centro de Estudos Brasileiros na Venezuela e, de volta ao Brasil, a Coordenação da Funarte em Brasília.


Fonte: Nankin
vendas@nankin.com.br

Mário Quintana - Poema


Canção da Garoa




Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.


O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.


E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...



In. Jornal de Poesia

Imagem retirada da Internet: anjo no telhado

Arseni Tarkovski (1907-1989) - Poema

VIVA, VIDA!






Não acredito em premonições, não temo superstições,
veneno e calúnia não vigoram sobre mim.
Não existe morte, senão plenitude no mundo.
Somos todos imortais; tudo é imortal.
Não é preciso temer a morte,
seja aos dezessete ou aos setenta.
Nada há além de presente e de luz;
escuridão e morte não existem neste mundo.
Chegados que somos todos à margem, sou um dos escolhidos
para puxar as redes quando o cardume da imortalidade as cumular.
Habitai a casa, e a casa se sustentará.
Invocarei um dos séculos ao acaso: eu o adentrarei
e nele construirei minha morada.
Sento-me portanto à mesma mesa
que vossos filhos, mães e esposas.
Uma só mesa para servir bisavô e neto:
o futuro se consuma aqui agora,
e quando eu erguer a minha mão,
os cinco raios de luz convosco ficarão.
Omoplatas minhas como vigas mestras,
sustentaram por minha vontade a revolução dos dias.
Medi o tempo com vara de agrimensor:
eu o venci como se voasse sobre os Urais.
Talhei as idades à minha medida.
Rumamos para o sul, um rastro de poeira pela estepe.
As altas ervas agitavam-se entre vapores
e o grilo dançarino,
ao perceber com suas antenas as ferraduras faiscantes,
profetizou-me, como monge possuído, a aniquilação.
Atei então, rápido, meu destino à sela,
ergui-me sobre os estribos como um menino
e agora cavalgo os tempos vindouros a meu ritmo.
Basta-me minha imortalidade,
o fluir de meu sangue de uma para outra era,
mas em troca de um canto quente e seguro
daria de bom grado minha vida,
conquanto sua agulha voadora
não me arrastasse, feito linha, mundo afora.




Tradução de Álvaro Machado


Poema de 1950, lido pelo autor no filme O Espelho (1974), dirigido por seu filho, Andrei Tarkovski.
Imagem retirada da Internet: imortalidade

Louise Labé - Poema


Soneto VI




Duas ou três vezes seja louvada
A volta do Astro claro, e sem demora
Esta que o olho seu olhar adora.
Que de manhã ela seja saudada,

E que também consiga, enfatuada,
Beijar somente o melhor dom da Flora,
Melhor aroma que já viu a Aurora,
E nos seus lábios fazer a morada!

Somente a mim este bem é devido,
Por tantos prantos e tempo perdido:
Mas, quando o vir, tanto o festejarei,

Tanto usarei dos olhos o poder,
Para maior vantagem receber,
Que, em breve, grande conquista farei.



Tradução de Felipe Fortuna



In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p.180.
Imagem retirada da Internet: lábios

Louise Labé - Poema


Soneto V




Vênus tão clara, pelo firmamento,
Escuta a voz que em queixas cantará,
Enquanto o rosto teu cintilará,
O seu cansaço e custoso tormento.

Meu olho vela em vigília a contento,
E ao te ver muito pranto verterá
Sobre meu leito mole, e o banhará,
Disso teus olhos têm conhecimento.

Pois são humanas as almas cansadas
Em seu repouso e sono apaixonadas.
Já não suporto o Sol e seu fulgor:

E quando estou quase toda desfeita,
E que meu corpo no leito se deita,
A noite toda eu choro minha dor.



Tradução de Felipe Fortuna



In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p.178.
Imagem retirada da Internet: Afrodite

Louise Labé - Poema


Soneto IV




Desde que Amor cruel envenenou
O peito meu no fogo que fulmina,
Ardi-me sempre na fúria divina,
Meu coração jamais o abandonou.

Qualquer tormento, a que ele me obrigou,
Qualquer perigo e vindoura ruína,
Ou mau presságio que tudo termina,
Meu coração jamais se amedrontou.

Por mais que Amor nos ataque raivoso,
Mais nos obriga a vê-lo venturoso,
Sempre saudável ao vir combater:

Não é por isso que nos favorece,
Ele que os Deuses e os homens esquece,
Mas por mais forte aos fortes parecer.



Tradução de Felipe Fortuna



In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p.176
Imagem retirada da Internet: Hera

Louise Labé - Poema


Soneto III



Ó ânsias longas, ó espera ausente,
Tristes suspiros, prantos costumeiros,
Formando em mim tantos rios e aguaceiros
De que meus olhos são fonte e nascente!

Ó crueldade, ó dureza inclemente,
Olhares pios dos astrais luzeiros,
Do coração pleno ó amores primeiros,
Quereis mais forte a minha dor ardente?

Que contra mim o Amor seu arco traga,
Que lance novos fogos, novos dardos,
Que ele se irrite, e contra mim se firme:

Tão atingida estou por tantos lados
Que, se quiser abrir-me nova chaga,
Não haverá lugar para ferir-me.



Tradução de Felipe Fortuna



In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p. 174
Imagem retirada da Internet: cupido

Louise Labé - Poema

Louise Labé. Gravura de Pierre Woeiriot, 1555.


Soneto II

Ó belos olhos, ó olhares cruzados,
Ó quentes ais, ó lágrimas roladas,
Ó negras noites em vão esperadas,
Ó dias claros em vão retornados!

Ó tristes queixas, ó anseios dobrados,
Ó tempo gasto, ó aflições passadas,
Ó mortes mil em redes mil jogadas,
Ó duros males contra mim lançados!

Ó riso, ó fronte, dedos, mãos e braços!
Ó alaúde, viola, arco e compassos:
Chamas demais para uma só mulher!

DE ti me queixo: esses fogos que trago
No coração causaram muito estrago,
Mas não te queima um lampejo sequer.


Tradução de Felipe Fortuna



In. Louise Lambé: amor e loucura. São Paulo: Siciliano, 1995, p. 173.

Francisco Perna Filho - Poema


Cenas urbanas



Os tanques carregam
as noites pesadas do Alemão.
Torradas e café,
postos na mesa,
silenciam a fome de ternas crianças,
que nada sabem
do passeio noturno
dos homens de preto.
O velho no catre
repassa os dias de abandono.
Quem virá socorrê-lo?

Os homens dos prédios,
de fora da cena,
assistem pela TV
A tomada do morro,
a deposição das armas,
a fuga desesperada
dos insensatos agentes do pó.

O bêbedo,
prostrado na sua indiferença,
arrota estilhaços
e a miséria
das ruas.

Brasigóis Felício - Poema

Paisagem surrealista




Uma lua lunática

oculta-se nas nuvens.


Um vento vadio agita

a cabeleira das árvores.


Um velho ronca,

sentado

em uma cadeira de balanço.


Na rua espandongada

uma tia patética

vai caindo de bêbada.

Ao longe, entre

destroços, vejo

um chevette velho.

Ao lado esgoelam

numa festa brega.


Numa janela esquisita

uma moça feia

come uma salada mista,

enquanto na esquina avista

uma parada cívica..


Eta vida besta, Meu Deus!



Imagem retirada da Internet: surrealismo

Wender Montenegro - Poema



De choros, sargaços e avencas





Chorar
chorar tão longamente
como se a infância nos regasse ainda
como se o choro contivesse em si
o instante mesmo do parto do mundo;
a ternura crescendo entre avencas
brotando dos olhos dos homens.

Chorar tão longamente
como se ainda nos legasse a infância
velhos desejos, veleidades sólidas
apedrejadas pelo peso do nada.

Chorar tão longamente
até que a dor arraste para o fosso
o sal da culpa, os sargaços,
filhos do choro das pedras
e a compaixão nos conforte em silêncio.

Chorar tão longamente
as borboletas pousadas nos olhos
e um soluço líquido, incontido
arrebentando a represa das mãos.

O meu primeiro verbo foi
chorar.



Imagem retirada da Internet: choro1 choro 2

Morre o Poeta Reinaldo Jardim


Jornalista e poeta Reynaldo Jardim morre aos 84 anos

Criou o suplemento dominical e o caderno "B", ambos no "Jornal do Brasil", do Rio


LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA

Morreu na madrugada de anteontem, em Brasília, o jornalista e poeta Reynaldo Jardim, aos 84, após o rompimento de um aneurisma. Amigos e familiares se reuniram ontem no Teatro Nacional de Brasília para o velório e cantaram sambas em homenagem ao jornalista.

"Foi um pedido dele antes de morrer: "Não quero choro, só samba'", disse a mulher de Jardim, Elaina Daher, que viveu com ele por 24 anos.

Jardim foi redator das revistas "O Cruzeiro" e "Manchete", além de ter trabalhado no rádio. Nos anos 50, criou o suplemento dominical do "Jornal do Brasil", que revelou diversos autores. Também criou o influente caderno "B", de cultura.

Após sair do "Jornal do Brasil", em 1964, foi diretor da revista "Senhor" e diretor de telejornalismo da TV Globo. Jardim também criou o jornal "O Sol" e participou da reforma gráfica de vários jornais do país.

Como poeta, deixou livros como "Joana em Flor" e "Maria Bethânia, Guerreira, Guerrilha".

Reynaldo Jardim nasceu em São Paulo, mas morava em Brasília desde 1983. A vida profissional do jornalista se dividiu entre Rio e Brasília.

Além da mulher, Jardim deixou quatro filhos. "Em todos os projetos em que trabalhou, ele sempre partia do princípio da página em branco. Era uma mente livre e incansável", disse Elaina.
Além de escrever, Jardim também gostava de artes plásticas-pintava e esculpia frequentemente.
"Era um homem que só falava de projetos futuros, não falava de passado, e tinha uma inquietação criativa muito grande", disse Alison Sbrana, cineasta de "Profana Via Sacra", documentário sobre a vida de Jardim.

O jornalista foi enterrado ontem, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.


Fonte: Folha de São Paulo - Ilustrada - 03/02/2011

Francisco Perna Filho - Poema

Não nos curvemos




Aguardemos, meu Amor,
ainda é dia,
e a noite não tardará,
sabemos.

Mas antes que ela chegue,
cantemos ao sol,
brindemos aos deuses,
sorvamos o perfume das flores.

Ninguém nos tirará a sensatez
e a razão. Não nos esqueçamos,
homens é o que somos,
apesar da bruteza de muitos.

Por isso, celebremos a vida,
o anúncio de cada nova manhã,
o sorriso dos nossos filhos,
e a voz com a qual nos fazemos ouvir.



Palmas-Tocantins-Brasil, 02 de fevereiro de 2011


Gilson Cavalcanti - Poema


Dobradiças de Veludo

janela. jaz nela o vão
de todas as esperas

o vôo embalsamado
das aves-primavera

janela de espiar
as moças (donzelas)
indo para a igreja
domingo

janela de adular o vazio
dentro da tarde que se vai
na silhueta do infinito
como um grito amarelo

(a saudade levada no bico)

janela de olhos vasculhando
o defunto em sua caixa
de música tocando seus ossos
de encontro às raízes que plantamos
sobre o cálcio da solidão
do sossego do gesso

pássaros assombrados
de asas de fogo fecham
a janelacônica

voo de enxugar o gesto
com o ferrolho da infância
no vão das coisas que passam
e ficam presas dentro da gente


In. Armazém de Versos
Imagem retirada da Internet: dobradiça

Pablo Neruda - Poema


















Angela Adonica



Hoje deitei-me junto a uma jovem pura
como se na margem de um oceano branco,
como se no centro de uma ardente estrela
de lento espaço.

Do seu olhar largamente verde
a luz caía como uma água seca,
em transparentes e profundos círculos
de fresca força.

Seu peito como um fogo de duas chamas
ardía em duas regiões levantado,
e num duplo rio chegava a seus pés,
grandes e claros.

Um clima de ouro madrugava apenas
as diurnas longitudes do seu corpo
enchendo-o de frutas extendidas
e oculto fogo.


Gilberto Mendonça Teles - Poema


Ballet


Teu nome dança na palavra. Acerta
o timbre das vogais e, a cada instante,
se faz gleba e glicínia, descoberta
de um gêiser no vapor da consoante.

É ele que reluz na letra L,
no corpo da mulher que, airosa e fina,
se exibe no poema e, pele a pele,
deixa no ar seu perfil de bailarina.

É dele que provêm a forma, o estilo,
a beleza sem fim e sem começo:
o segredo maior e mais tranquilo
para ser dito apenas pelo avesso.



In. Linear G. São Paulo: Hedra, 2010, p.78.
Imagem retirada da Internet: Bailarina

Gilberto Mendonça Teles - Poema


















Simplesmente


Não quero mais ouvir falar de poesia
antiga tradicional ou moderna
trovadoresca clássica ou barroca
arcádica romântica ou realista

Não quero mais ouvir falar de poesia
simbolista unanimista ou futurista
vanguardista cubista ou dadaísta
surrealista ou modernista

épica lírica satírica ou dramática
religiosa mística ou goliardesca
cósmica anacreôntica ou semiótica

e muito menos de poesia
bucólica cortês, popular ou engajada
abstrata concreta cinética pura impura
experimental visual sonora ou táctil

Quero é pedir como Mário Quintana
- Retire todos os adjetivos e estará
ressalvada a Poesia.
Eu quero a Poesia, simplesmente.


In. Linear G. São Paulo: Hedra, 2010, 40-1.

João Guimarães Rosa - Poema



Consciência Cósmica




Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...


Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...


Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir, se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...



In. Magma - Fonte: Jornal de Poesia
Imagem by Alexandre Lettnin: redemoinho

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