Lêdo Ivo - Poesia





Os Peixes



Os peixes estão no lago, os dardos escondidos.
Entre as pedras e o lodo eles avançam
túrgidos como o amor.
Venha a mão do desejo turvar a água clara
e eles serão o amor, o sol que penetra em gretas
nupciais,
as espadas cobertas de saliva.



Imagem retirada da Internet: Peixes

Lêdo Ivo - Poesia












Canto Grande




Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem
fiquei, e o mundo se elucida.

Do mar guardei a melhor onda
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.

Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens, depósito
de coisas que jamais explodem.

De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.

Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra,
aqui estou. Minha canção
enfrenta o inverno, é de concreto.

Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.

Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.



In.Jornal de Poesia

Imagem retirada da Internet: Onda

Torquato Neto - Poema

ai de mim copacabana


um dia depois do outro
numa casa abandonada
numa avenida
pelas três da madrugada
num barco sem vela aberta
nesse mar
nem mar sem rumo certo
longe de ti
ou bem perto
é indiferente, meu bem

um dia depois do outro
ao teu lado ou sem ninguém
no mês que vem
neste país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim: quero
voar no concorde
tomar o vento de assalto
numa viagem num salto
(você olha nos meus olhos
e não vê nada -
é assim mesmo
que eu quero ser olhado).

um dia depois do outro
talves no ano passado
é indiferente
minha vida tua vida
meu sonho desesperado
nossos filhos nosso fusca
nossa butique na augusta
o ford galaxie, o medo
de não ter um ford galaxie
o táxi, o bonde a rua
meu amor, é indiferente

minha mãe, teu pai a lua
nesse país que me engana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim, copacabana
ai de mim.



In. Os Últimos Dias de Paupéria. Org. Wally Salomão e Ana Maria S. de Araújo Duarte
Ed. Max Limonad, 1982
Imagem retirada da Internet: Copacabana

Brasigóis Felício - Crônica



Pareceres da fome



Brasigóis Felício


“Todos nós temos sofrido o desrespeito de algumas companhias aéreas, ora prendendo os passageiros mais de uma hora no avião, sem partir, deixando correr tempo e paciência, ora pelo atraso sintomático pelos abstratos e nunca explicados motivos operacionais, onde se toma pomposo chá de aeroporto, ora dando ao cliente nenhum lanche ou um nada de amendoins, uma leve ração de bolacha e a fome, a fome durante o percurso inteiro, como só acontece, por exemplo, na Gol.

Viajamos na fome e de fome nos alimentamos, quando as horas são longas e o estômago insaciado. Talvez nos caiba, futuramente, um seguro contra a fome nos aviões, pois os seus proprietários estão, paulatinamente, esquecendo a nobre hospedagem para os que são a causa da prosperidade das companhias, ao não querer os passageiros – nem digo fome total – a mínima fome.

E se não houver seguro contra a fome nas viagens aéreas, deverá ser possível indenização posterior, também, contra a companhia de aviação, compatível com o tempo de fome que advier ao passageiro”. Assim escreveu o poeta Carlos Nejar, em crônica publicada no Diário da Manhã, verberando contra o desabono e o desrespeito com que são tratados os passageiros de avião, neste país dos Jobins e das Infraeros que falam muito e fazem pouco. Pois a fome não tem lembrança de não ter sido matéria de urgência urgentíssima. Acima ou abaixo do Equador, emite pareceres impostergáveis, que têm de ser atendidos como se fossem liminares com jurisprudência firmada.

De fato, é chegado o tempo em que, em plena era da Fome Zero, passageiros aeroviários terem de levar matulas, para não sofrer a privação do essencial, em suas viagens. Como o faziam os mais antigos, quando não havia lanchonetes a cada quilômetro de estrada de terra, e era de urgência urgentíssima levar a sagrada farofa, para não ficar com a barriga roncando. Situação em que nem ler é possível, pois o barulho atrapalha.

A fome é um gravame ou privação existencial a que estão sujeitos todos os que, a trabalho ou em passeios, têm de enfrentar a incerteza do embarque, as longas horas de espera, na esperança de serem chamados a ingressar nas salas contíguas às pistas – lugares ambicionados onde, salvo incidentes gravíssimos, verdadeiros casos de polícia -, já se está com os dois pés na escada que dá acesso ao pássaro de asas de prata.

Quanto à fome anunciada e inevitável, pela qual se tem de passar, quando se é passageiro de nossas companhias aviatórias, garatujei algumas palavras, inspiradas no texto de Carlos Nejar: há uma fome funda, e outra, que é bem rasa. Há uma fome de avião, e outra de aeroporto. Na primeira se sofre quando vamos de Gol – é quando se tem de viajar só tendo direito a pedir água e bolacha – sem regalias de biscoito.

Na fome de aeroporto, podemos pedir brevidades de arrancar os olhos à cara: carece ter din-din no bolso. Há uma fome de fruta, que nas feiras e mercados se aplaca: e outra fome, a da carne, que por não ser fraca, que superlota as delegacias da Mulher, e as Varas de Família. Dá-lhes lei Maria da Penha, quem sabe assim os machões se emendam! Estando-se a embarcar no aeroporto Santa Genoveva, há que passar pelo sofrimento de assar no calorão de um desconfortável barracão – sem lugar onde colocar o carro, e tendo-se que esperar de pé, sendo freqüente a superlotação.

Quanto à fome de ontem, é mera lembrança (se não teve continuação). A fome de hoje – sendo sem esperança – é um buraco tão fundo que nele cabe o mundo. Ratos e homens vivem em luta pelo que dê sustança. Quanto a mim, só peço a Deus que não me falte a fome de cada dia, e o pão que a faça ausentar-se, por algum tempo.


Imagem retirada da Internet: Fome

Sophia de Mello Breyner - Poema


Exílio



Quando a pátria que temos não a temos

Perdida por silêncio e por renúncia

Até a voz do mar se torna exílio

E a luz que nos rodeia é como grades



In.Mulheres

Imagem retirada da Internet: Mar

Sophia de Mello Breyner - Poema

Cantar



Tão longo caminho

E todas as portas

Tão longo o caminho

Sua sombra errante

Sob o sol a pino

A água de exílio

Por estradas brancas

Quanto Passo andado

País ocupado

Num quarto fechado



As portas se fecham

Fecham-se janelas

Os gestos se escondem

Ninguém lhe responde

Solidão vindima

E não querem vê-lo

Encontra silêncio

Que em sombra tornados

Naquela cidade



Quanto passo andado

Encontrou fechadas

Como vai sozinho

Desenha as paredes

Sob as luas verdes

É brilhante e fria

Ou por negras ruas

Por amor da terra

Onde o medo impera



Os olhos se fecham

As bocas se calam

Quando ele pergunta

Só insultos colhe

O rosto lhe viram

Seu longo combate

Silêncio daqueles

Em monstros se tornam

Tão poucos os homens


In. Mulheres

Imagem retirada da Internet: Caminho

Sophia de Mello Breyner - Poema

Poesia



Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.


In.Mulheres

Imagem retirada da Internet: Manhã

Georg Trakl - Poema

Basilica di San Marco

Em Veneza


Silêncio no quarto noturno.
Argênteo reluz o castiçal
no fôlego cantante
do solitário;
mágicas nuvens rosadas.
Negro enxame de moscas
escurece o quarto de pedra
e prova o tormento
do sem-pátria.


Imóvel o mar anoitece.
Estrela e negra viagem,
desapareceu no canal.
Criança, teu sorriso doente
seguiu-me suave no sono.



Imagem retirada da Internet: Veneza

Georg Trakl - Poema



No Outono


Junto à cerca, os girassóis e seu brilho,
Doentes sentados ao sol, sem alento.
No campo, as mulheres cantam no trabalho,
Ouvem-se ao longe os sinos do convento.
Os pássaros contam lendas de encantar,
Ouvem-se ao longe os sinos do convento.
Há um violino no pátio a gemer.
E já o vinho escuro vão recolhendo.
Todos parecem felizes, libertos,
E já o vinho escuro vão recolhendo.
Os jazigos dos mortos estão abertos,
Pintados pelo sol que vai entrando.

In.persowanadoo
Imagem retirada da Internet: |
Trakl

Georg Trakl - Poema



Tradução: Cláudia Cavalcante

In.PersoWanadoo

Imagem retirada da Internet: Georg Trakl

Georg Trakl - Poema

labios8.jpg image by milouskablog

Elegía





La amiga que con flores verdes malabarea

jugando en los jardines lunares-

¡Oh! ¡Qué encandece tras los setos de tejos!

Áurea boca que roza mis labios

y ellos resuenan como estrellas

sobre el arroyo Cidrón.

Pero las nieblas de estrellas caen sobre la llanura,

danzas salvajes e inefables.

¡Oh! Amiga mía tus labios,

labios de granada,

maduran en mi boca de concha cristalina.

Grave reposa sobre nosotros

el dorado silencio de la llanura.

Al cielo se evapora la sangre

de los niños asesinados

por Herodes.







In.PersoAnadoo
Imagem retirada da Internet: Lábios

Cultural - Deu na Folha de São Paulo


Eric Risberg/APA escritora chilena Isabel Allende

Escritora chilena Isabel Allende

Após 10 minutos de vendas, quatro mesas da Flip estão esgotadas



DE SÃO PAULO

A organização da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) informou que quatro mesas que acontecem durante o evento tiveram os ingressos esgotados logo nos 10 primeiros minutos de vendas.


Eric Risberg/AP


A escritora chilena Isabel Allende, cuja mesa na 8ª edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), já está esgotada As mesas que esgotaram tem o cartunista americano Robert Crumb, o músico americano Lou Reed, a escritora chilena Isabel Allende e o romancista indiano Salman Rushdie.


Os bilhetes para a Flip-2010, que vai de 4 a 8 de agosto e tem como homenageado o sociólogo Gilberto Freyre, começaram a ser vendidos hoje, às 10h. Os ingressos estão sendo vendidos por internet, telefone e em pontos físicos em oito cidades.


Segundo os organizadores, o número de entradas disponíveis para o público será o maior desde que o evento foi criado, em 2003.Dos 850 ingressos para cada mesa literária da Tenda dos Autores, onde ocorrem os principais debates, 75% serão postos à venda.


O restante é distribuído entre patrocinadores, equipe técnica e acompanhantes dos convidados --universo que nos últimos anos recebeu cotas maiores, informou a assessoria do evento, sem precisar o percentual.


Fonte: Folha de São Paulo - 05/07/2010 - 11h35

Chico Buarque - Poema


EU TE AMO


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir


Imagem retirada da Internet: seios

Francisco Perna Filho - Poema

S I L Ê N C I O



A suposta lua que veríamos,

não a temos.

Somente as dálias,

os hibiscos,

o bule de café,

a sala bem arrumada,

dialogam com o nosso silêncio.

Tudo parece tão terno,

bem acabado,

perfeito para o amor prometido,

invetado em palavras raras,

prontas para serem ditas.

Lá fora,

a chuva,

a vida sonolenta,

a sirene d i s t a n t e,

as sonambúlicas palavras da madrugada

pronunciadas no sexo barato de alguma prostituta.

Aqui,

nos reclinamos,

propensos ao mundo,

ao tempo,

ao gozo,

quedos nas nossas vontades,

nos nossos vazios,

nos nossos delírios.

In. Revista Poesia Sempre. nº 31, ano 16. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2009

Imagem retirada da Internet: Hibiscus

Francisco Perna Filho - Poema

OS PRIMÁRIOS CAMINHOS DA AUSÊNCIA



Ninguém veio,

e a esperança de um amor incutido

foi se perdendo nas horas.

(Não digo que todo o resto do dia tenha pensado em saudades),

Ninguém veio,

e o poeta,

indefeso,

só pôde acatar e louvar os primários caminhos da ausência.

Não houvesse ausência,

não haveria saudade,

e, por certo, não haveria poema.

Ninguém veio,

e o poeta passou a adiantar-se aos encontros

a contemplar as ausências,

e o poema estava salvo.


In. Revista Poesia Sempre. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2009

Imagem retirada da Internet: Solidão



Francisco Perna Filho - Poema



para meu pai






GENEALOGIA



Aprendi a esperar as estações,
como o palhaço que divisa a platéia do picadeiro:
um semblante triste,
um olhar enviesado,
um sacrifício de espera.
Sorrir da própria dor,
até que todos venham
e lotem o vazio de suas almas.
Tudo se consome de alguma forma,
e o que sobra são os bancos vazios das estações,
rodoviárias e aeroportos.
O avô do meu avô,
assim como o meu avô
e o meu pai,
morreu do coração.
Eu fui poupado,
Nasci poeta.


In. Revista Poesia Sempre. Nº 31, ANO 16,Rio de Janeiro: BIBLIOTECA NACIONAL, 2009.

Imagem retirada da Internet: by Rita Angel A Espera

Brasigóis Felício - Crônica

Dizeres de Estamira



Brasigóis Felício



Estamira é uma mulher do povo, catadora em um dos lixões da Baixada fluminense. Dizem que é doida de pedra, mas é de uma lucidez delirante, tem um discurso apocalíptico, o que teria um Nietzsche antes de mergulhar na escuridão, ou de um Glauber Rocha, na fase em que anunciou ao universo ser o General Golbery do Couto e Silva um gênio da raça, ou um Geraldo Vandré, ao propor uma santa como padroeira do Exército.

Mire e veja: louco talvez seja quem assim a diz – e não é feliz. Estamira jura de pés juntos que é melhor não ser um normal, normoticamente encaixotado na vidinha hipócrita e trivial do burguês com 90% de cifras na alma enferrujada.

Pouco e malmente esquentou bancos de escola. Menos ainda leu Clarice Lispector, nem sabe quem ela foi – nem é afeita à leitura de livros, menos ainda tem rompantes de ser leitora ou poetisa. Contudo, uma poesia alucinada brota, em cascata, por sua boca sempre sorridente, a não ser quando fica brava com a humanidade, e dana a lançar faíscas, estalos de Vieira, em frases cortantes como navalha.

Coerência em sua fala catártica e apoplética quase não há – mas perguntar não ofende lógica e acessibilidade à mente cartesiana e superficial também não existe nas obras de James Joyce, de Clarice Lispector, de Guimarães Rosa, Sousândrade, e de certos poetas vanguardistas? Como no discurso viperino, lançado às escuta impossível da cidade vertiginosa, repleto de indignação e raiva, que proferiu no lixão, diante de cineastas que a filmavam: “Existe a lucidez e a ilucidez. A gente aprende alguma coisa de tanto lucidar”.

Mais adiante, assumindo a postura de um Antonio Conselheiro de saias, pregando aos fanáticos insurrectos, antes do trágico e covarde assalto final aos casebres de Canudos: “Vocês não aprenderam nada na escola. Vocês só copiam hipocrisias e mentiras charlatais!”. Não bastando o peso da acusação, dirigida a toda a humanidade, e sem excluir a equipe de cineastas que filmava seu discurso apocalíptico: “Eu não sou como vocês, que são apenas robôs sanguíneos!”.

Para Estamira, “Neste mundo de maldades não tem mais o inocente. O que tem, isto sim, por todo lado, é o esperto ao contrário”. Comovente de se ver é o prazer de Estamira no cozinhar para suas netas, que de vez em quando a visitam, em seu barraco, na favela. Ou a ternura e cuidado com que cuida de seus muitos cães e gatos. Tudo em seu casebre é limpo.

Psiquiatras que lhe passam remédios para amenizar o que chamam de surtos de alucinação, tratam de Estamira como uma delirante, apenas. Não é de se espantar: Lima Barreto, Antonin Artaud, Cruz e Sousa, José Décio Filho, e outros gênios da literatura foram internados como doidos de pedra – sendo que este último escreveu suas melhores obras no hospício, entre uma e outra sessão de eletro-choque.

Para não dizerem que não terminem esta crônica com os dizeres de estamira, vão aqui mais umas faíscas de seu lucidar delirante: “Tempo eterno é tempo infinito, mas tem o além e o além do além. Nenhum cientista foi até o além, quanto menos no além do além. Para mim, tudo o que nasce é nativo, isto é, natal”.

Tudo isto tendo sido dito por Estamira, dou-me ao direito de também, sendo vidente-louco, segundo o pré-conceito dos que não desafinam no coro dos contentes, de lucidar, ao meu jeito de anjo torto: - Muitos dos que estão nas ruas, engaiolados em seus carros, são apenas escravos, disfarçados de libertos. – Vive em ministério de boniteza não o que fala bonito, mas o que escuta e vive bonito. – No teatro dos dias, as pessoas representam, em cenários de violência e destruição, os fantasmas perversos que serão.


Imagem retirada da Internet: Estamira

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