Castro Alves - Poema



Boa Noite


É noite, pois:  Durmamos, Julieta !
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas ...
- São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos ...
Oh !  Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor !  Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento !

 Ai ! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora ...
Marion! Marion ! ... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora ? ! ...

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo ...
E deixa-me dormir balbuciando:
- Boa note ! - , formosa Consuelo ! ..

Imagem retirada da Internet: Kate-Winslet 

Um comentário:

  1. Francisco, teu blog é perfeito!

    Navegava pela net a procura de figuras de linguagem e me deparei com uma obra prima em forma de blog!

    Sigo-o com prazer,

    Abraços e ótimo fim de semana

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário aqui

Leia também

Valdivino Braz - Poema

Soldado ucraniano Pavel Kuzin foi morto em Bakhmut  - Fonte BBC Ucrânia em Chamas - Século 21                               Urubus sobrevoam...