Federico García Lorca - Poema

 
Desejo

 (1920)


                                                                                                                               


Só o teu coração quente
e nada mais.

Meu paraíso um campo
sem rouxinol
nem liras,
com um rio discreto
e uma fontezinha.

Sem a espora do vento
sobre a fronde
nem a estrela que quer
ser folha.

Uma enorme luz
que fosse
pirilampo
de outra,
em um campo de
olhadas partidas.

Um repouso claro
e ali nossos beijos,
lunares sonoros
do eco,
se abririam muito longe.

E teu coração quente,
nada mais.

Tradução: Willian Agel de Mello
Imagem retirada da Internet: desejo

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