Jacques Prévert - Poema


O combate com o anjo



Não vás
Tudo já foi combinado
A luta é fraudulenta
E quando ele aparecer no ringue
Nimbado de relâmpagos de magnésio
Eles entoarão aos berros o TEU DEUM
E antes que te levantes da cadeira
Tocarão os sinos sem parar
Jogarão no teu rosto
A esponja sagrada
E não terás tempo de voar-lhe nas penas
Cairão sobre ti
E ele te golpeará no baixo-ventre
Desabarás
Os braços estupidamente em cruz
Na serragem
E nunca mais poderás fazer amor.


Tradução de Dora Ferreira da Silva



Imagem retirada da Internet: Jacques Prévert

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