Francisco Perna Filho - Poema










Pedra, flor e pó


O que sabe da pedra,

a flor, para ignorá-la?

Desconhece a solidez de sua estrutura,

a sua natureza de rocha,

para brotar destemidamente nas brechas

do asfalto,

nas sacadas de prédios,

desafiando o concreto,

concretizando seu sonho

- o de ser flor, simplesmente flor,

sem compreender a dureza do que lhe é exterior.



O que sabe da flor,

a pedra, para deixá-la brotar no seu corpo,

enraizar-se nas suas fendas,

protegê-la de sua dureza,

de sua empedernida existência?



O que sabe da flor e da pedra,

o homem, para levá-las consigo

no seu momento de espanto,

em pensamentos e encanto?



O que sabe da flor, da pedra, e do homem,

o poeta, para eternizá-los nos seus versos,

a despeito dos outros homens com suas vaidades

e desprezo:

pela flor,

pela pedra,

pelo homem ?.



Foto by Sinésio Dioliveira: Flor no Asfalto.

Um comentário:

  1. Eu apenas vi as flores no asfalto. Vislumbrei o que viu com profundidade. Que poema maravilhoso, Chico.

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