Raul Bopp - Cobra Norato - pequena parte


Apresento aqui, para o deleite de todos, a primeira parte do poema Cobra Norato, de Raul Bopp. Com isso, convido a todos a conhecerem a obra no seu todo. Boa Leitura!





Cobra Norato









I




Um dia
eu hei de morar nas terras do Sem-fim

Vou andando caminhando caminhando
Me misturo no ventre do mato mordendo raízes

Depois
faço puçanga de flor de tajá de lagoa
e mando chamar a Cobra Norato

- Quero contar-te uma história
Vamos passear naquelas ilhas decotadas?
Faz de conta que há luar

A noite chega mansinho
Estrelas conversam em voz baixa
Brico então de amarrar uma fita no pescoço
e estrangulo a Cobra.

Agora sim
me enfio nessa pele de seda elástica
e saio a correr mundo

Vou visitar a rainha Luzia
Quero me casar com sua filha
- Então você tem que apagar os olhos primeiro
O sono escorregou nas pálpebras pesadas
Um chão de lama rouba a força dos meus passos.



In. Cobra Norato. Raul Bopp. 13ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, p.07-08, 1984.

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